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terça-feira, 25 de maio de 2010

Próximo Toiros & Arraiais...

Publicado a 25 de Maio de 2010

Na próxima quarta-feira, dia 26 de Maio, irá para o ar o terceiro programa do Toiros e Arraiais.
Esta semana o programa taurino da Viaoceanica irá mostrar os bastidores de uma corrida de toiros, um habitual apontamento da tão peculiar tourada à corda e uma reportagem do III Festival Luís Fagundes.
Não perca mais um programa de Toiros e Arraiais, quarta-feira pelas 20 horas no Azores Global Tv.

sábado, 22 de maio de 2010

Terceira representada na federação Prótoiro

Publicado a 22 de Maio de 2010

A Tertúlia Tauromaquica Terceirense (TTT) afirmou-se como uma das representantes da nova associação de proteção da tourada de praça, a Prótoiro - Federação Portuguesa das Associações Taurinas.
A Prótoiro é o resultado de um movimento iniciado na rede social, Facebook, e tem como objetivo primordial aglomerar as associações ligadas à tauromaquia, promovendo as iniciativas da “festa brava”.
De acordo com o presidente da TTT, Arlindo Teles, “a lógica de uma plataforma de promoção e defesa da tauromaquia é uma forma de haver uma só voz que representa todas os organismos”.
Questionado sobre a evidência de estarem vidas de animais no centro do tiroteio entre defensores dos direitos dos animais e defensores da festa popular, Arlindo Teles responde que este é um movimento de preservação de identidade cultural.
“O toiro não é uma espécie autóctone, mas um produto de cultura. É um animal que especificamente vive com esse fim e foi depurado durante décadas para adquirir as suas características únicas.
“A tauromaquia tem qualidade, tem mercado próprio, há muitas pessoas que são aficionadas, mas, como é uma vertente cultural que está a ser altamente atacada, têm de ser os taurinos a tomar a iniciativa de a defender”, rematou.
Admitiu ainda que, embora não se testemunhem muitas demonstrações contra o abuso animal, existem pessoas que discordam do aproveitamento de uma vida para regozijo dos espetadores. “Sabemos que há pessoas na Terceira que não gostam de toiros, não devemos ter a pretensão de que todos gostam”, completou.

in Diário Insular

Noite fria e com pouca arte…

Publicado a 22 de Maio de 2010

A fraca afluência às bancadas da Monumental “Ilha Terceira” acabaram por ser o prenúncio do nível das lides a que se assistiu no decorrer do III Festival Luís Fagundes. Novilhos de Herdeiros de Ezequiel Rodrigues (ER) e Rego Botelho (RB), a cavalo Tiago Pamplona, Alexandre Gomes e Marcelo Mendes. Pegas a cargo do grupo organizador, os Forcados Amadores do Ramo Grande.

Tiago Pamplona abriu praça com um ferro comprido colocado no nº243 de ER. Frente a um novilho pequenote que cumpria o que lhe ia sendo pedido, o cavaleiro desenvolveu uma lide bastante pálida. Cravou 4 ferros curtos após troca de montada. Revelou, em certos momentos, algum desacerto com a montada acabando por mostrar mais preocupação em mostrar laivos de galope a duas pistas em vez de procurar cravagens com o novilho em “su sitio”. Exige-se mais de um cavaleiro de alternativa.
Com o segundo do seu lote, o cavaleiro da Quinta do Malhinha andou mais toureiro. Aproveitou as boas condições do nº29 RB e desenha uma lide agradável. Após dois bons ferros compridos, prossegue com a cravagem curta, pecando apenas com a cravagem traseira da segunda bandarilha. Encerra a lide com dois ferros de palmo de boa nota, chegando assim, finalmente, às bancadas.

Alexandre Gomes debutou na arena de Angra do Heroísmo perante o nº250 de ER. Iniciou a lide com nervosismo e com duas cravagens defeituosas que viria a corrigir no 3º ferro comprido. O novilho foi-se revelando tardio na investida e o cavaleiro foi mostrando alguma dificuldade na escolha de terrenos. Na cravagem curta foi-se corrigindo numa lide que, apesar de ir crescendo, nunca chegou a romper. Destaque para a 3ª cravagem curta.
O nº 45 de RB saiu de forma intempestiva indo embater de forma violenta na coxa da montada, perante uma aparente passividade do cavaleiro do Montijo. Após a cravagem comprida, efectua uma troca de cavalo que se revelaria desacertada. Foi por demais evidente a falta de acerto no binómio cavaleiro-cavalo. A montada pura e simplesmente fugia da reunião a meio da viagem. Nova troca e frente ao novilho, que foi perdendo gás ao longo da lide, desenvolveu uma lide que foi procurando crescer, mas sem sair do patamar do razoável.

Marcelo Mendes regressou à Terceira depois do triunfo conquistado na anterior edição do festival. Tal como os outros irmãos de camada, o nº249 ER vinha pequenote e parco de forças, no entanto não complicou. O cavaleiro procurou andar sempre ligado com o novilho deixando 2 bons ferros compridos. Na cravagem curta andou irregular, no entanto aproveitou o facto de ter caído em graça na assistência e, com o “Útil”, opta pela encenação em detrimento do que realmente interessa no toureio equestre. Como é hábito dizer-se “quem paga bilhete é que tem razão”, no entanto é pena quando a maioria dos pagantes parece ter prazer em ser iludida. Perde a Festa e a Arte do Toureio Equestre…
Frente ao nº369 RB, o de Torres Vedras foi obrigado a lidar de forma mais laboriosa, uma vez que o novilho vinha a pedir contas. Os 3 ferros compridos foram cravados de forma desacertada, mercê de quarteios mal medidos. Na segunda parte da lide andou inconstante nas cravagens, alternando entre o bom e o mau. Nota positiva para o 4º ferro cravado, a fazer esquecer o ferro que tinha colocado no pescoço do oponente. Lide mais séria, apesar dos desacertos observados.

Os Forcados Amadores do Ramo Grande não tiveram dificuldades para pegar no seu Festival. Bruno Anjos (1ª tentativa) abriu a função com uma boa pega. Com a mesma nota Filipe Lemos (1ª tentativa) fechou-se na cara do segundo da noite. Seguiu-se a pega de Tiago Câmara (1ª tentativa) sem qualquer problema. Valter Silva fechou-se bem ao segundo intento na pega do quarto novilho da noite, enquanto Vitor Oliveira (1º tentativa) pegou o seu toiro com garra e vontade. A fechar a noite, Nuno Pires brindou ao filho do falecido Luís Fagundes e pega com bons modos o ultimo da noite.

A dirigir a corrida esteve José Valadão coadjuvado pelo Dr. Vielmino Ventura. Nota final para o facilitismo com que foi atribuída música ao longo das lides.

Bruno Bettencourt

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Esta noite...

Publicado a 21 de Maio de 2010

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Acção de formação: “Apresentação de Cavalos em Concurso”.

Publicado a 12 de Maio de 2010

A Direcção Regional de Desenvolvimento Agrário (DRDA) está a organizar uma acção de formação designada “apresentação de cavalos em concurso”. Esta acção destina-se a todos os inscritos no Concurso de Modelo e Andamentos que se realizará no âmbito de mais uma edição da Feira Açores que este ano decorrerá em Angra do Heroísmo. A formação decorrerá durante os dias 31 de Maio e 1 de Junho (datas a confirmar), sendo as inscrições são gratuitas.

Este ano, e pela primeira vez, a DRDA propõe a todos os aficionados do mundo do cavalo um “Jantar de Gala”. Este evento acontecerá na noite de 5 de Junho (Sábado) e tem como objectivo fomentar o convívio entre todos aqueles que partilham a paixão pelo mundo equestre. Os bilhetes para o mesmo têm o valor de 20 euros.

Foto: D.R.

Toiros e Arraiais o novo programa taurino da Azores Global TV

Publicado a 12 de Maio de 2010

O canal de vídeo Azores Global TV, emite a partir das vinte horas de quarta-feira, dia 12 de Maio, um programa taurino semanal da responsabilidade do aficionado Duarte Bettencourt. O mesmo conta com a realização e edição de Marco Coelho e produção da Viaoceanica.
O primeiro programa de Toiros e Arraiais irá mostrar o Festival de Beneficência, a favor das vitimas do temporal de Dezembro passado na freguesia de Agualva. Irá também apresentar o VI Festival de Capinhas da Ilha Terceira, que contou este ano com a presença de recortadores espanhóis e uma reportagem do primeiro dia do inicio da temporada taurina açoriana no que concerne à tourada à corda.
Não perca Toiros e Arraiais. O magazine da tauromaquia açoriana.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Tauromaquia e Turismo

Publicado a 04 de Maio de 2010

A tauromaquia terceirense reúne um conjunto de qualidades que podem potenciá-la como produto turístico. Mas para tal é necessário colmatar alguns problemas: cobrir a praça de toiros, consolidar a Rota do Toiro e qualificar as touradas de praça. São estes os propósitos de Arlindo Teles, re-eleito presidente da Tertúlia Tauromáquica Terceirense (TTT).

Qual é o principal projeto para os próximos dois anos como presidente da Tertúlia tauromáquica Terceirense?

Vamos concentrar as nossas energias na continuação de vários projetos que já estavam a decorrer no anterior mandato. Aliás, a continuidade desta direção tem esse objetivo: garantir a finalização de um conjunto de assuntos que ainda estão pendentes. Concretamente, o Taurotur, que se divide em várias iniciativas. Por exemplo, a Rota do Toiro está criada, mas ainda há várias coisas por fazer, nomeadamente a conclusão do Monumento ao Toiro, erigir o Museu Regional da Tauromaquia, para o qual já existe maquete, mas não há qualquer decisão sobre a sua construção, e todas as restantes questões relacionadas com a estruturação da festa brava. No fundo, o Taurotur – que é um projeto abrangente – pressupõe a organização da oferta, assim como a melhoria da qualidade e das estruturas. Quando falamos em infraestruturas, falamos, por exemplo, na cobertura da praça de toiros...

Que não é um projeto novo...

Exato. Aliás, a Tertúlia Tauromáquica Terceirense fala nele, porque é uma entidade interessada, mas no qual pode não vir a ser participante. Porque, como se sabe, a praça de toiros é propriedade de uma entidade privada. A Tertúlia é sócia, mas é minoritária.

O que falta para o projeto se concretizar?

Neste momento, há um esboço. Mas continua por definir o financiamento.

Foram feitas contas?

A Tertúlia, por si, não fez qualquer diligência no sentido de quantificar essa obra. Mas sabemos que a sociedade que é proprietária da praça de toiros já deu passos nesse sentido. Mas é uma informação que não disponho.

Que outras necessidades há em termos de infraestruturas?

Esta apenas. Para lá desta questão infraestrutural, existem várias questões estruturantes para a melhoria da festa brava na Terceira e nos Açores, particularmente duas: a reintrodução da sorte de varas, condição essencial para o incremento qualitativo; e a evolução do toiro, no sentido de deixarmos de lidar novilhos. Ou seja, em termos comportamentais, a Terceira está num patamar muito bom, mas se queremos ter uma praça de toiros com grande projeção, com prestígio internacional, não podemos continuar a chamar corridas de toiros e a contratar matadores para lidarem novilhos.

Mas não são lidados toiros de quatro anos?

Lidamos toiros de três anos da Feira de São João. Isso é um problema...

Mas são apresentados como toiros de quatro anos...

Não o deviam fazer. São lidados toiros de quatro anos. Mas não são a regra.

Por que não são contratados curros com animais de quatro anos?

Há várias razões. Primeiro, é mais caro manter o toiro mais um ano. Depois, efetivamente, sem a sorte de varas e outros aspetos associados às garantias de categoria, os próprios artistas têm preferido o novilho. Em boa verdade, durante muitos anos – quer aqui quer no continente – o novilho era o animal escolhido, quer no toureio a pé como no toureio a cavalo. Contudo, nos Açores, essa situação mantém-se. E temos que ser nós a alterar essa situação. Até ao nível da apresentação se melhorava com essa alteração. Um toiro de quatro anos é um animal adulto, com pítons mais desenvolvidos, com outro sentido, dando mais seriedade à lide...

Interpreto essa resposta como uma crítica: ou seja, promovemos corridas de toiros, que, na realidade, são novilhos; e contratam-se artistas para os tourear...

Porque não são picados...

Mas esses artistas aceitam essa situação como proteção física?

Não é tanto por proteção física. Porque há sempre esse cuidado, obviamente. Mas, acima de tudo, procuram defender o seu nome, a sua projeção em termos artísticos. Se um toiro de quatro anos não é picado, tem mais sentido e é de mais difícil lide. Daí os artistas preferirem o novilho, porque apresenta mais garantias de toureabilidade...

As ganadarias locais têm condições para oferecer curros de quatro anos?

Têm. Mas não nos podemos esquecer que essa opção acarreta custos mais elevados para a organização da corrida. Mas não é por aí que se inquina essa possibilidade. Os ganhos conseguidos no espetáculo em si com um curro de quatro anos suplantariam esse acréscimo na despesa. Porque não estamos a falar de diferenças monetárias enormes.

Já que falamos em custos: nos últimos tempos têm-se sucedido notícias sobre os custos da Feira de São João. A Tertúlia entende que a população terceirense percebeu a discussão?

Temo que não. Podem ter surgido algumas interpretações enviesadas. Como dissemos na altura: é legítimo – e defensável – que as contas das Feiras sejam transparentes e apresentadas. Mas essa apresentação tem de ser rigorosa. Porque arrolar cachets de artistas tauromáquicos, pondo os valores que auferiram – num espetáculo pago – ao lado de valores pagos a outros artistas, nomeadamente da área musical – onde não há bilhetes à venda – não é uma comparação rigorosa. Além disso, os cachets referenciados não refletem todos os custos e todos os agentes envolvidos nessa organização. Ou seja, as contas devem – e têm de ser – apresentadas. Mas isso deve ser feito com rigor...

As organizações não terão contribuído para este estado nebuloso? Porque nunca houve o cuidado de apresentar as contas...

Pode ter havido esse problema. Por isso, defendemos transparência e rigor nesse aspeto. Se calhar, com mais algum conhecimento dos intervenientes, evitava-se este tipo de confusões e problemas. Há orçamentos de feiras que – tendo a experiência que se tem sobre a organização deste tipo de eventos, nomeadamente as previsões de assistência – já se sabia que dariam prejuízo. A não ser que haja uma enorme capacidade de explorar a bilheteira, ou de arranjar patrocínios que colmatem a ausência de praças cheias. Sabemos que uma corrida que não consiga encher, pelo menos, 60 por cento da bancada, dá, em princípio, prejuízo. Ou melhor, quando os custos da corrida são superiores às receitas geradas por uma assistência na ordem dos 60 por cento da capacidade da praça, aí haverá problemas. Aliás, é fácil ter 60 por cento da bancada da praça preenchida. O problema é quando o custo da corrida ultrapassa o valor dessa receita. E, pelo que vou vendo, tem faltado muito marketing nas feiras de São João, no sentido de potenciar bilheteiras acima dos 60 por cento...

Acredita-se simplesmente que o aficionado vem à praça...

Exato. E nem sempre é assim. Por exemplo, em 2002, organizamos a primeira corrida de gala – cujo cartel nem era nada de fantástico – mas apostamos muito no marketing e na promoção dessa corrida. E seis horas antes do início da corrida, estavam a ser vendidos, avulso, os últimos bilhetes de camarote.

Qual foi o segredo?

Usamos todos os meios de comunicação ao nosso dispor: cartazes, outdoors, notícias, mailings pela Internet e pelo correio; ou seja, marketing direto muito agressivo. E essa atitude, em minha opinião, tem sido descurada muitas vezes. Por isso, defendemos que nessas áreas devem estar organismos com experiência, que sabem montar bons espetáculos, sem cairmos em orçamentos que não se podem comportar...

É uma crítica às organizações das feiras de São João? Para a Tertúlia Tauromáquica Terceirense, as organizações deveriam ser outras?

Deve ser outro modelo. Não falamos em pessoas, porque todos quantos passaram pela organização desse evento, procuraram, sem qualquer dúvida, fazer o melhor que podiam e sabiam...

Que modelo defendem?

Há alguns anos, apresentamos à Câmara Municipal de Angra do Heroísmo – e esta proposta está integrada no Taurotur – um projeto em que a Tertúlia se compromete a fazer a gestão da componente taurina das Sanjoaninas no médio/longo prazo – cinco anos, por exemplo. Esta proposta assenta em vários pressupostos: por um lado, a Tertúlia tem capacidade negocial em termos bancários e, como entidade de utilidade pública, pode explorar o mecenato, cuja regulamentação permite benefícios fiscais aos patrocinadores; por outro lado, um projeto desta natureza diluído por quatro ou cinco anos, melhora a capacidade de defesa orçamental, de diluição de custos. Além disso, esta proposta define que a autarquia – numa ótica de promoção da cidade e da festa - contribui com um valor fixo anual para a Feira de São João (valor que não é a parte de leão do orçamento), mas deixará de ter risco. Ou seja, os prejuízos recaem sobre a Tertúlia e não sobre a Câmara Municipal de Angra, que, até aqui, assume e cobre os prejuízos de cada feira. Portanto, essa responsabilidade ficará na alçada da organização – a Tertúlia, no caso.

A proposta nunca teve resposta?

Até agora, não.

E quando foi apresentada?

Em 2007.

E continuam a defender essa solução?

Sim. Porque a Tertúlia tem uma excelente rede de contatos nesta área; porque o modelo responsabiliza a Tertúlia e não a autarquia, que contribui para a festa, mas não é a tábua de salvação da mesma.

O modelo é só para a Feira de São João?

Poderá estender-se a outros. Poderíamos chegar a um ponto em que os resultados obtidos justificassem outros eventos. E até com a praça de toiros coberta, o leque de opções alarga-se ainda mais.

Até que ponto uma feira como a das Sanjoaninas é atrativa para os aficionados de outros países, particularmente os espanhóis, que têm imensas corridas, de qualidade indiscutível? Que grande atrativo terá a Terceira em termos taurinos, que leve um turista a suportar os custos elevados com trasnportes, estadias, alimentação e outros custos, quando, por uma parcela desses valores pode ir a Las Ventas ou outra praça do mesmo calibre?

É possível conseguir que eles cá venham. Obviamente que, previamente, temos de organizar a oferta. Daí o Taurotur. Porque, de facto, não é apenas pela Feira de São João que um turista cá vem...

A Feira não vale sozinha.

Exato. Aliás, as feiras atuais não atraem ninguém. E voltamos ao mesmo: a ausência da sorte de varas retira, à partida, qualidade às lides, fazendo com que, aqui e ali, surja uma faena de grande qualidade. Quando a sorte de varas permitiria que essas faenas fossem a regra e não a exceção. Temos, atualmente, mais toiros que não permitiram o triunfo por ausência desse tércio, do que faenas que ficaram na memória dos aficionados locais. Tenho a noção que este assunto da sorte de varas já pode cansar algumas pessoas. Mas insisto nele porque, de facto, esse tércio é um ponto fundamental se queremos qualificar e internacionalizar a festa brava. Sem essa qualidade não é fácil trazer turistas. Além deste fator fundamental, a organização da oferta passa também por outras questões, como a Rota do Toiro. No fundo, se queremos explorar este mercado, temos de ver o que se faz noutros países.

Como?

O turista taurino é um turista culto, que, além das corridas, gosta de visitar museus, de conhecer a cultura local, de ter uma experiência complementar à corrida ou às corridas que veio ver. Temos muito a percorrer neste sentido. Os transportes são caros e faltam-nos vários atrativos. O somatório destas partes permite que se disponibilizem pacotes de vários dias, que sejam atrativos para os turistas taurinos.

As ganadarias locais, por exemplo, estão preparadas para receber este tipo de visitas?

Algumas já o podem fazer, caso da casa Rego Botelho na Caldeira Guilherme Moniz. Mas para percebermos a que me refiro quando falo em oferta organizada e pacotes atrativos é necessário explicar o que é a Rota do Toiro que propomos. Esta prevê a venda unitária ou a grupos do seguinte pacote: um briefing na Tertúlia e visionamento de um filme de 15 minutos. Depois, passagem pelo Museu Regional da Tauromaquia; visita à praça de toiros; passagem pelo Monumento ao Toiro; seguindo-se uma visita às ganadarias. Aqui, várias podem ser vistas do caminho, outras podem ser visitadas. O “safari” fotográfico pode ser orientado no sentido de potenciar as belas paisagens do interior da nossa ilha. Por exemplo, uma fotografia na ganadaria Rego Botelho, tendo a Caldeira Guilherme Moniz em fundo é um produto muito bom. Se estes passeios ocorrerem no inverno ou, no verão, em dia que não há touradas, o turista pode aproveitar a paisagem. Mas, se essa visita decorrer num dia de tourada à corda, não duvide que a vivência social que se cria nesse momento será altamente apreciada pelos turistas taurinos. Não tenho a menor dúvida disso. Porque, nos outros países, a ganadaria é um universo muito fechado. Aqui não. Tudo isto para dizer que o produto turístico que propomos resulta da articulação de todos estes fatores. E que a sua conjugação permitirá qualificar a festa brava e internacionalizá-la. Obviamente que este será um nicho de mercado e não o centro do setor turístico local e regional. Mas a oferta turística é feita de várias opções, muitas delas direcionadas para nichos de mercado.

Em que estado está o projeto do Museu Regional da Tauromaquia?

Temos uma maqueta. Mas não há qualquer decisão sobre a sua localização. Desejávamos que ele ficasse no talude entre a sede da Tertúlia Tauromáquica e a praça de toiros. Ou seja, nos terrenos traseiros aos curros. Mas, nesta fase, ainda está tudo a ser negociado. O nosso projeto, para lá dessa questão, engloba um pequeno auditório, uma zona de merchandising e uma zona de exposições (com salas grandes com cerca de 100 metros quadrados cada uma) organizada em três eixos: uma dedicada à evolução e execução do Monumento ao Toiro, outra dedicada ao toureio a cavalo, ao toureio a pé e aos forcados, e outra dedicada à tourada à corda. Estas são as três áreas chave desse projeto.

Quando a Rota do Toiro estará a funcionar em pleno?

Parte dessa rota pode funcionar já este ano. O Monumento ao Toiro deve ser inaugurado em outubro, a par do congresso mundial de ganadeiros. Ficando a faltar o Museu, para o qual não temos horizonte temporal.

O que traz esse congresso à Terceira? Será uma organização para entendidos, ou é possível alargar o público?

Acho que é possível alargar a assistência. Aliás, no ano passado, no Fórum Mundial da Cultura Taurina, assistiram aos trabalhos pessoas que não estavam ligadas a qualquer organização taurina. E queremos alargar este tipo de eventos quer no estrangeiro quer a nível local. Mas a grande virtude desse tipo de eventos a nível internacional é a projeção externa que garante à nossa tauromaquia. Daí a nossa aposta em três eventos de grande impacto internacional: tivemos o Fórum Mundial da Cultura Taurina em 2009; temos o Congresso Mundial de Ganadeiros; e, em 2011, repetimos o Fórum Mundial da Cultura Taurina. É um trabalho de continuidade, para garantir a projeção da ilha no exterior. Vamos tendo mais relevância, vamos sendo conhecidos cada vez mais lá fora. E, internamente, este tipo de organizações vai consolidando o reconhecimento da tauromaquia como uma grande atividade cultural.

O que será este congresso?

O Congresso Mundial de Ganadeiros ocorre de três em três anos, reunindo todas as federações nacionais de ganadeiros tauromáquicos, onde se procura discutir todos os temas ligados à criação e lide do gado bravo, nos mais variados aspetos. Ele difere um pouco do Fórum Mundial da Cultura Taurina, porque se debruça mais sobre as componentes científicas do toiro.

Em 2010, a Tertúlia foi distinguida pelo Senado espanhol. Isso deveu-se à organização do Fórum Mundial da Cultura Taurina?

O Fórum foi a pedra de toque. Mas não foi só ele que nos permitiu esse galardão. Temos um conjunto de projetos a decorrer – e outros na calha - que são conhecidos e reconhecidos no estrangeiro. Tudo isso deu-nos esta visibilidade. Aliás, a justificação do prémio realça a atividade cultural da Tertúlia a nível internacional em defesa da festa brava. Este foi o mais alto galardão alguma vez atribuído a uma associação taurina portuguesa. E isso honra-nos muito. Aliás, deve também orgulhar a ilha, porque o galardão premeia a aficion desta ilha.

As intervenções da Tertúlia, tendencialmente, ligam-se à componente artística e erudita do toureio. Quando na ilha, a maior expressão taurina é popular. Têm dado atenção a essa vertente?

Claro. A génese da aficion terceirense – e açoriana em geral – é a tourada à corda. No entanto, por respeito institucional, temos deixado as principais intervenções públicas sobre essa vertente da nossa tauromaquia para outras organizações, nomeadamente para a associação de ganadeiros da tourada à corda.

Na vossa opinião, o regulamento recentemente aprovado para tourada à corda beneficia essa tradição?

No final, conseguiu-se um documento melhor do que a proposta inicial. Não é o regulamento ideal, mas é melhor do que se esperava. O problema, em meu entender, é que temos muito poucos políticos conhecedores desta realidade, para se pronunciarem adequadamente. E isso resulta em algumas incoerências. E, mais grave, devido a isso, continuamos incapazes de evoluir. E digo isto tanto sobre a tourada à corda como em relação à tourada de praça…

A sorte de varas é uma espinha na vossa garganta…

Pois. Que terá de ser resolvida. Porque a evolução qualitativa da tauromaquia terceirense está, em grande parte, comprometida por causa da proibição desse tércio. Continuaremos a ter uma tauromaquia interessante e simpática. Mas nunca teremos uma tauromaquia equiparada a outras zonas do globo, o que nos impede de pensar em grande, de evoluir para outros patamares e outros níveis de exposição internacional, o que tem benefícios evidentes em termos turísticos e, por essa via, económicos.

Os sentimentos anti-taurinos estão a ganhar-vos terreno?

Não creio. Tem é existido mais atenção a essa discussão. Esses sentimentos, no meu entender, têm origem em pessoas que se assumem cheias de certezas, mas que, em boa verdade, desconhecem por completo a realidade taurina. Nota-se que se apresentam medidas radicais e posições extremadas sobre algo que não se conhece, nem se compreende. São pessoas que apregoam os direitos, mas que, com as suas medidas, não fazem outra coisa do que restringir os direitos dos outros. Além disso, entendo que muitas destas posições resultam de uma antropomorfização – a síndroma de Walt Disney – em que os animais são postos a falar e a pensar como os humanos. Quando, na realidade, isso não é assim. Os amantes da festa brava conhecem as características dos animais, fisiológicas e comportamentais, e admiram o toiro nessa vertente. Há estudos científicos que comprovam esta realidade. A tauromaquia é uma cultura, por isso é identidade. Por isso, repudiamos que se procure proibir isto ou aquilo. Acho legítimo que, não gostando da tauromaquia, essas pessoas e organizações tenham intervenções no sentido de sensibilizar a população para a sua causa. Mas essa sensibilização não significa a proibição pela via política, quando a adesão aos espetáculos tauromáquicos prova que uma grande faixa populacional não recusa esse tipo de eventos. Não me parece de todo legítimo, por isso, que uns quantos políticos, pressionados por esta ou aquela organização, possam proibir algo que, em boa verdade, continua a ter índices de adesão muito elevados, em várias partes do planeta. Se falássemos de eventos em que a população não aderisse, aí a festa brava morria naturalmente.

Por via da exibição do sangue, não é fácil cativar a atenção das pessoas para a defesa contra a festa brava?

De facto, a posição das organizações anti-taurinas é mais fácil de defender do que os argumentos dos taurinos. Porque a festa é cruenta – porque há sangue – mas não é cruel. Haveria crueldade se o homem enfrentasse o animal e este estivesse indefeso. Mas não é assim. Toda a tauromaquia é baseada num código de ética, onde o homem propõe-se enfrentar um animal, e vencê-lo, mas dando-lhe a oportunidade de o ferir e, eventualmente, de o matar. A luta é igual. Se as pessoas não sabendo diferenciar o que é cruento do que é cruel e não sabendo que as caraterísticas do toiro não são as mesmas do homem, nem que a relação das espécies é igual, dificilmente percebem esta situação. A radicalização dos conceitos gera uma sociedade intolerante.

Os aficionados têm sabido defender a sua posição?

Se insistirem em argumentos apaixonados, em defesa de tradições, perdemos pontos. A discussão tem de basear-se em argumentos racionais, em análises científicas, na evocação da tauromaquia como uma cultura. Tem de haver uma análise intelectual da festa brava. É frágil defender a tauromaquia apenas pela tradição. Mas, em resumo, acho que os taurinos têm sido capazes de apresentar argumentações muito válidas e convincentes. Apesar de alguns órgãos de comunicação generalista votarem a tauromaquia a uma espécie de gueto informativo. Acho que, algumas vezes, falta equidistância na abordagem a estas matérias.


Foto (António Araújo) e Entrevista (Rui Messias): Diário Insular

sábado, 1 de maio de 2010

1 de Maio, início da temporada da Tourada à Corda

Publicado a 01 de Maio de 2010

O 1º de Maio chegou e com ele o início da temporada de Touradas à Corda na ilha Terceira. Para este primeiro mês já estão agendados 35 eventos distribuídos pelos dois concelhos da ilha. Recordemos que em 2009 realizou-se um total de 246 touradas no período compreendido entre os dias 1 de Maio e 15 de Outubro. A estatística revela que a ganadaria de Humberto Filipe foi a que alugou mais animais aos arraiais da ilha Terceira. Em 2009 foram corridos toiros de 9 ganadarias locais.

A distribuição das corridas deste mês de Maio é a seguinte:

-1 de Maio, Sábado-
Canada do Capitão-Mor (São Mateus)
Humberto Filipe

Fonte da Ribeirinha
João Cardoso Gaspar
Manuel João Rocha

Fonte de São Sebastião
Eliseu Gomes
Humberto Filipe

Cabouco (Fontinhas)
Casa Agrícola José Albino Fernandes

-2 de Maio, Domingo-
Grota do Medo (Posto Santo)
Eliseu Gomes
Daniel Nogueira
António Lúcio

Lajinha (Feteira)
Humberto Filipe

Cabouco (Fontinhas)
Casa Agrícola José Albino Fernandes

-8 de Maio, Sábado-
Rua João Caminho (Porto Judeu)
Humberto Filipe

Rua Prof. Augusto Monjardino (Conceição)
Humberto Filipe

Paul (Santa Cruz)
Casa Agrícola José Albino Fernandes

-9 de Maio, Domingo-
Paul (Santa Cruz)
Casa Agrícola José Albino Fernandes

-10 de Maio, Segunda-feira-
Canada de Belém (Terra-Chã)
Humberto Filipe

-14 de Maio, Sexta-feira-
Pátio da Santa Casa da Misericórdia de Angra do Heroísmo
Humberto Filipe (Bezzerada)

-15 de Maio, Sábado-
Ladeira Branca (Santa Luzia)
Eliseu Gomes

Canada do Rego (Biscoitos)
Rego Botelho

Rua Dr. Rodrigues da Silva (Santa Cruz)
Herdeiros de Ezequiel Rodrigues (Bezerrada)

-16 de Maio, Domingo-
Canada Nova (Santa Luzia)
Eliseu Gomes

Estrada Regional (Fonte do Bastardo)
Eliseu Gomes

-17 de Maio, Segunda-feira-
Pico da Urze (São Pedro)
Humberto Filipe

18 de Maio, Terça-feira
Espigão (Posto Santo)
Eliseu Gomes

-22 de Maio, Sábado-
À Igreja (São Mateus)
Casa Agrícola José Albino Fernandes

Poço d'Areia (Santa Cruz)
Humberto Filipe

-24 de Maio, Segunda-feira-
Terreiro (Terra-Chã)
Daniel Nogueira

Altares
João Cardoso Gaspar (Bezerrada)

-25 de Maio, Terça-feira-
Terreiro (São Bartolomeu)
Humberto Filipe
Daniel Nogueira

São Luís (São Bento)
Álvaro Amarante

São João de Deus (Conceição)
Humberto Filipe (Bezerrada)

-26 de Maio, Quarta-feira-
Terreiro (São Mateus)
Casa Agrícola José Albino Fernandes

-28 de Maio, Sexta-feira-
Rua do Rossio (Santa Cruz)
Herdeiros de Ezequiel Rodrigues (Bezerrada)

-29 de Maio, Sábado-
Caminho Velho de Santo Amaro (Ribeirinha)
Manuel João Rocha

Outeiro (Conceição)
Eliseu Gomes

Rua do Rossio (Santa Cruz)
Herdeiros de Ezequiel Rodrigues

-31 de Maio, Segunda-feira-
São João de Deus (Conceição)
Humberto Filipe
Raminho
Casa Agrícola José Albino Fernandes

Terra do Pão (São Mateus)
Rego Botelho (Vacada)

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