sexta-feira, 9 de agosto de 2013
terça-feira, 6 de agosto de 2013
Quando a prata da casa vale ouro...
Tarde de calor intenso, praça cheia até às
bandeiras, dia de Concurso de Ganadarias, dia de Festa. Uma vez mais, as Festas
da Praia da Vitória contaram com uma Corrida integrada no seu programa.
Rego Botelho,
Casa Agrícola José Albino Fernandes
e João Gaspar, foram as três divisas
que apresentaram exemplares com o intuito de vencer os prémios de Melhor Toiro
e Melhor Apresentação. Rui Salvador,
Luís Rouxinol e Rui Lopes perfilaram-se para a disputa do troféu de Melhor Lide. Em
discussão também esteve o prémio para Melhor Pega. Para tal, saltaram a
trincheira os Grupos de Forcados Amadores
da Tertúlia Tauromáquica Terceirense (GFATTT), Aposento de Turlock (GFAT) e Ramo
Grande (GFARG).
O curro vinha bem apresentado na sua globalidade. A
destacar o primeiro da ordem, nº87, “Despuntado” de RB (460Kg) e o quarto da
ordem, nº145 “Arpado II” de JG (470Kg). Em termos de comportamento há a assinalar
a prestação do quarto da ordem, já referido, e do quinto toiro, nº144 “Laranjo”
de JG (460 Kg).
Rui Salvador
teve pela frente o pior e o melhor toiro da corrida. Se frente ao “Despuntado”
(nº87, RB, 460Kg) desenhou uma lide de muito trabalho em que andou bem nas
bregas a procurar interessar um toiro que cedo se revelou manso, no segundo do
seu lote nunca conseguiu andar por cima do oponente. Um constante desentendimento
com as montadas não permitiu que o cavaleiro de Tomar tivesse uma lide
adequada. O “Arpado II” (nº145, JG, 470Kg) tinha boas condições de lide. Muito
mais havia para se fazer. A presença de Salvador foi pautada por uma velocidade
excessiva nas viagens. As sortes quase sempre resultaram aliviadas ou com
toques sucessivos nas montadas. Fica a nota positiva para os dois primeiros
ferros curtos cravados no seu segundo toiro. Resultou sem história a passagem
deste cavaleiro por quem a afición terceirense nutre simpatia.
Luís
Rouxinol lidou o seu primeiro toiro de forma regular. O “Sincero” (nº332,
JAF, 540Kg) colaborou, mas tinha pouca sinceridade na investida. Era um toiro
alto que derrotava por cima. Quase no final da lide o toiro mostrou-se “tocado”
no membro anterior esquerdo. Ainda se ouviu o toque para recolher, mas depois o
problema físico pareceu ter-se solucionado. O cavaleiro de Pegões andou
diligente sem comprometer. No segundo do seu lote, Rouxinol foi lidando em
crescendo. Recebeu o toiro com o “Zézito”, um dos craques da quadra, nascido
precisamente na ilha Terceira. O toiro, o “Laranjo” (nº144, JG, 460Kg),
mostrou-se colaborante. O cavaleiro mostrou que queria o triunfo e procurou
galvanizar a assistência. Nota para o falhanço na cravagem do terceiro ferro
curto que quase levou o marialva ao chão. Encerrou com um bom ferro de palmo e
um par de bandarilhas que levantou as bancadas. Alguns dos erros cometidos
durante a lide foram sendo tapados pelo recurso ao “truque do cavalinho”. Foram
muitos os adornos desnecessários. Por vezes deu mais importância a “tourear o
público”, forçando a montada a ajoelhar-se, do que propriamente a encontrar
soluções de lide.
O mês de Agosto é o ponto alto da temporada taurina
nacional e isso reflete-se na disponibilidade das montadas que os cavaleiros
procuram enviar para os Açores. A falta de experiência e de entendimento de alguns
dos cavalos das quadras de Salvador e Rouxinol foi evidente.
Rui Lopes
também mostrou que queria triunfar, não se deixando intimidar pela presença de
dois grandes vultos do toureio equestre. A sua primeira lide, frente ao “Sabatinho”
(nº314, JAF, 440Kg), foi traçada de forma serena e inteligente. O toiro saía
para fazer mal e parava-se no momento da reunião. Lopes esteve bem nas bregas e
foi mostrando entendimento em relação às dificuldades que tinha pela frente.
Após duas passagens em falso, cravou um grande ferro curto a abrir a segunda
parte da lide. Foi tapando os defeitos do oponente, mudou-lhe a posição e foi
cravando sempre em terrenos de compromisso. Rubricou uma boa lide. Na sua
segunda saída à arena, mostrou novamente que não queria ir para casa de mãos a
abanar. Mandou recolher a quadrilha e esperou o toiro no centro da arena. Após
uma primeira brega correcta, o “Candiante” (nº5, RB, 500Kg), que vinha com
muita pata, foi direito à montada colhendo-a de forma violenta. O cavaleiro
conseguiu controlar o cavalo e apesar da insistência do toiro, não houve queda.
Após o percalço, o ginete da Ribeirinha demonstrou serenidade, pelo menos
aparente. Lidou um oponente que se adiantava de
sobremaneira aquando das reuniões, não conseguindo evitar os toques na montada.
O GFATTT abriu praça, no que às pegas diz respeito.
José Vicente fechou-se na cara do toiro
com uma técnica irrepreensível, ao primeiro intento. O quarto da ordem foi
pegado à segunda tentativa por João
Ângelo que realizou uma boa pega. Na primeira tentativa saiu da cara em
resultado dos derrotes sofridos.
O GFAT deslocou-se à ilha Terceira para uma
actuação que resultou pouco feliz. Júnior
Machado pegou o segundo da tarde à terceira tentativa. Após ter sofrido
duros derrotes por alto, em que o toiro foi varrendo o grupo, e após algum desacerto
na colocação do hastado, o grupo lá resolveu. Nota negativa para o facto de
estarem cerca de quinze forcados a ajudar na consumação da pega, incluindo 3
membros de outro grupo em competição. Há toiros que não é possível pegar, mas a
partir do momento que um grupo decide consumar, serão oito e apenas oito os
homens que o deverão fazer. De outra forma não! Darren Mountain pegou o quinto toiro da corrida ao primeiro intento.
A pega resultou sem brilho muito por culpa do primeiro ajuda, e restante grupo,
que de forma inexplicada foram encurtando as distâncias à medida que o forcado
da cara ia chamando o toiro. Quando o toiro se encaminhou para o forcado, já
este tinha todo o grupo em cima das costas.
Luís Valadão
do GFARG pegou à segunda, o terceiro da ordem, numa boa pega. A consumação da
pega à primeira não aconteceu por mera falta de confiança do homem da cara. Manuel Pires fechou a corrida com uma
rija pega à segunda. Aguentou-se com valentia e suportou uma longa viagem em
que o toiro trouxe sempre a cabeça por baixo, arrastando-o e fugindo ao grupo
Abrilhantou a corrida a banda Filarmónica da
Sociedade Progresso Lajense.
A dirigir esteve Carlos João Ávila assessorado pelo
Dr. José Paulo Lima. Nota final para a disparidade de critérios utilizados para
a atribuição de música durante as lides.
O júri deliberou:
Melhor
Toiro: “Arpado II”, nº145, Ganadaria de João Gaspar, quarto da ordem
Melhor
Apresentação: “Arpado II”, nº145, Ganadaria de João Gaspar, quarto da ordem
Melhor Lide
a Cavalo: Rui Lopes, pela lide efectuada ao terceiro da ordem
Melhor pega: Manuel Pires, GFARG,
pela pega efectuada ao sexto da ordem
Bruno Bettencourt
Foto: Andreia Sosinho